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quinta-feira, 14 de julho de 2011

As brincadeiras e jogos no processo ensino-aprendizagem do futebol


Texto publicado no site: http://www.cidadedofutebol.com.br/

O futebol em nosso país é o esporte mais conhecido, o mais assistido dentre os transmitido pela mídia, e indiscutivelmente o mais praticado por crianças, jovens e adultos. Esta adesão, muitas vezes, acontece devido à condição social da população, que não tem fácil acesso a centros esportivos ou locais propícios a descoberta e aprendizado de outros esportes. Outro fator importante que reforça a abrangência do futebol é a facilidade com que ele é jogado, pois se faz necessário apenas uma bola, seja ela de borracha, oficial ou simplesmente uma bola de meia.

Mas, às vezes, na ausência do objeto de desejo (a bola), é comum encontrarmos crianças brincando de futebol, por exemplo, no recreio da escola com uma latinha da refrigerante, um copinho de plástico ou qualquer objeto, simulando um jogo. Outras vezes, formam até balizas com materiais também alternativos como mochilas, pedras, etc, para deixar a brincadeira mais semelhante ao jogo propriamente dito. Este tipo de situação é mais comum do que podemos imaginar, pois é necessário apenas criatividade, imaginação, características inerentes nas crianças. A criançada, desde cedo, “brinca de jogar futebol”, tendo como maior objetivo satisfazer a vontade de jogar e imaginar-se jogando como seu ídolo. Nas palavras de Freire (2006, p.02):

[...] basta dar uma volta por aí, pelas áreas das praias, pelas quadras de futebol de salão, pelas ruas de terra ou de asfalto, por cada pedacinho de chão onde uma bola possa rolar, o observador atento descobrirá que o futebol para o brasileiro é uma grande brincadeira. Jogar tem sido a maior diversão da infância brasileira, principalmente da infância mais pobre e masculina, dos meninos de pés descalços, das periferias, dos lugares onde sobra algum espaço para brincar.

No entanto, com o aumento de escolas de esportes e escolinhas de futebol, locais que, nem sempre empregam profissionais capacitados para o ensino dos esportes, seja ele professor de Educação Física ou ex-jogador de futebol, percebe-se uma preocupação excessiva na execução “correta” da técnica do esporte. Este método de ensino, geralmente, privilegia o mais habilidoso da turma, excluindo aqueles que, por vários motivos, não desenvolveram a técnica fora daquele ambiente, além de trazer à tona o esporte-performance (alcançar seu melhor rendimento) precocemente. Este assunto é abordado mais profundamente em um outro no artigo do grupo - “O desenvolvimento motor dos atletas das categorias de base - a especialização precoce”.

Discordando desta concepção, Freire (2006) enfatiza a necessidade de um ambiente rico em brincadeiras e sem sistematizações rígidas, respeitando e valorizando a os conhecimentos prévios a respeito do futebol, e criando um ambiente saudável e prazeroso para o aprendizado do esporte. Nesse sentido, podemos citar algumas brincadeiras ou jogos que podem ser aplicadas nas aulas de futebol, como: jogo dos 10 passes, mãe da rua, pega-pega, base 4, gol a gol, rebatida, três dentro / três fora, bobinho, bater faltas, linha etc.

Cada brincadeira ou jogo exige a execução de um ou mais fundamentos do esporte, por exemplo, para passes altos e chutes de primeira, podemos utilizar o três dentro / três fora, pois os jogadores têm que trocar passes altos, sem deixar a bola cair no chão, para depois finalizar e tentar marcar o gol. Na rebatida são dois jogadores contra dois, enquanto dois deles ficam defendendo as traves, um dos outros dois chuta tentando fazer o gol. Se houve uma rebatida dos goleiros, um deles irá sair da área do goleiro e tentará roubar a bola dos dois chutadores, para levá-la até a sua área. Nesse caso, trabalhamos finalização por meio dos chutes, assim como na situação de rebatida dos goleiros, acontece um jogo 2X1. Por fim, o mãe da rua adaptado para o futebol, no qual você pode deixar o pegador com uma bola e os demais passando de um lado para o outro saltitando sobre uma perna só, para que o pegador tente capturar mais pegadores conduzindo a bola.

As atividades descritas acima são apenas alguns exemplos do que pode ser realizado, pois existem inúmeras possibilidades de adaptação e modificação para o trabalho dentro do esporte. Estas atividades estimulam a participação e possibilita o desenvolvimento dos fundamentos do esporte, assim como um aumento de respostas motoras, como nos diz Scaglia (apud NISTA-PICCOLO, 2003, p.69):

A exploração do tema pelo lúdico é o momento em que o aluno tem a oportunidade da descoberta, da criação em cima da temática da aula, ou seja, numa brincadeira adaptada, a criança usa seu repertório motor para aprender, desenvolver, criar, descobrir um novo movimento.

Por isso, é importante ressaltar e reconhecer a necessidade das brincadeiras estarem presentes durante as aulas, sendo utilizadas como uma ferramenta pedagógica eficiente e prazerosa, pois se as próprias crianças gostam e realizam as atividades na rua, na escola, nos parques, nada mais justo que transportá-las para o futebol.

O brincar sempre estará ligado à aprendizagem, seja de um esporte, da matemática ou do português. Dessa forma, não podemos transformar o processo ensino-aprendizagem do futebol em uma repetição de movimentos engessada e burocrática, desvalorizando toda a magia, a pureza e a liberdade dos jogos e brincadeiras.

Referências Bibliográficas

FREIRE, JOÃO BATISTA. Pedagogia do futebol. 2.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006.

SCAGLIA, A. J. Escola de futebol: uma prática pedagógica. In: NISTA-PICCOLO, VILMA (Org.). Pedagogia dos esportes. 3.ed. Campinas: Papirus, 2003.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Cientistas estudam a memória muscular


Uma boa notícia para quem já suou para ganhar músculos e depois abandonou a atividade: um estudo em camundongos mostra que o corpo lembra desse período de exercícios intensos. Isso facilita a recuperação da forma física no futuro. A origem dessa "memória muscular" está nos miócitos -células longas, contráteis e salpicadas de núcleos, que formam os músculos.

Após intensa atividade física, novos núcleos são adicionados às fibras musculares existentes. Esses núcleos estimulam a produção de proteínas, o que aumenta o volume do músculo.

Músculos, porém, atrofiam após um período de desuso. O que se pensava é que a perda de massa muscular estava ligada à queda no número de núcleos em miócitos ou à morte dessas células.

Mas cientistas da Universidade de Oslo, na Noruega, descobriram que a quantidade de núcleos permanece praticamente inalterada após um longo período de desuso. A massa muscular é reduzida por alterações no volume do miócito, não por apoptose (morte celular).

A recuperação dessa massa é mais rápida em quem apresenta um histórico de atividade muscular intensa, pois o lento processo de incorporação de núcleos ao miócito pode ser dispensado.

Camundongo manco

Para chegar aos resultados, a equipe de Oslo, liderada por Jo Bruusgaard, observou o número de núcleos em um músculo da pata de camundongo usando certos indicadores específicos.

A sobrecarga muscular foi obtida rompendo-se parcialmente um músculo dos dedos do animal que auxilia outro músculo maior.

Sem o músculo auxiliar, o maior precisava de mais energia para realizar os mesmos movimentos. Entre 6 e 10 dias após a operação, o número de núcleos de miócitos cresceu nesse músculo.

O aumento no número de núcleos precedeu em quase três dias o aumento no volume do músculo, sugerindo uma relação causal.

A atrofia muscular, por outro lado, foi simulada pelo rompimento da ligação de um nervo que estimulava o músculo da pata. O volume muscular caiu durante 14 dias após a cirurgia.

Os autores do estudo, publicado na revista "PNAS", sugerem que a prática de exercícios seja feita na juventude, pois o processo de adição de núcleos aos miócitos é mais lento em idosos.

Fonte: Folha de S. Paulo
Edição: F.C.
17.08.2010