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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A importância da prática de outros esportes coletivos para a aprendizagem do futebol

Texto publicado no site: http://www.cidadedofutebol.com.br/

No processo ensino-aprendizagem do futebol é notória a preocupação dos técnicos ou professores com o treinamento dos fundamentos básicos. Os alunos realizam atividades específicas para o aprimoramento do passe, drible, condução, domínio de bola, chute, desarme e cabeceio. A importância empregada a essas características acontece devido à utilização constante das mesmas durante o jogo e porque formarão a base para que, posteriormente, se desenvolvam os fundamentos derivados que são: cruzamentos, cobranças de faltas, cobranças de pênalti, lançamentos, tabelinhas (SCAGLIA, 2003). Mas, para que o aluno execute os movimentos específicos do esporte, é necessário utilizar algumas capacidades físicas, que Freire (2003) em seu livro “Pedagogia do Futebol”, denomina como habilidades inespecíficas para o futebol. Entre essas, podemos citar a velocidade, agilidade, flexibilidade e a resistência entre outras.

Nas categorias de base podemos trabalhar essas habilidades inespecíficas com atividades lúdicas nas quais os fundamentos do futebol estão inseridos, como também a utilização de outros esportes, proporcionando ao aluno experiências diferentes para o aumento do seu acervo motor e conhecimento de esportes divulgados pela mídia que eventualmente ainda não conheçam. Desta forma, é possível fazer com que as crianças gostem da pratica esportiva em geral e que carreguem este sentimento durante toda sua vida, pois, sabemos que a maioria dos alunos de escolinhas de futebol e clubes, dificilmente alcançam o sonho de se tornarem jogadores profissionais.

Para tanto, é necessário que o aluno vivencie situações pertinentes aos esportes coletivos. Para facilitar esse ensino, Bayer (1994) caracteriza 6 denominadores comuns para a organização do ensino dos esportes coletivos:

1. terá uma bola que pode ser lançada com pés ou mãos;

2. um terreno onde vai acontecer a partida;

3. um alvo a atacar ou a defender;

4. companheiros de equipe;

5. adversários;

6. respeito às regras.

Bayer (1994) orienta que todos os esportes coletivos têm esses denominadores comuns e podem ser aplicados em qualquer situação, pois na prática de qualquer um, a aprendizagem é transferida, pelo próprio aluno, para qualquer outro esporte coletivo. Assim, além de desenvolver as habilidades inespecíficas, as noções táticas também poderão ser assimiladas e transferidas para a prática do futebol propriamente dito.

Tal idéia pode ser relacionada ao handebol e basquetebol, esportes bem difundidos no ambiente escolar, como também, ao rugby, que em nosso país é pouco praticado e não tem espaço na mídia, a não ser nos canais pagos, ocasionando um desconhecimento por parte dos alunos. Como a intenção da proposta é diversificar e trabalhar outros esportes além do futebol, o rugby por exemplo, poderia ser uma alternativa interessante por ser uma novidade para muitos alunos. Apesar das peculiaridades apresentadas pela modalidade, o professor poderá adaptar as atividades para que todos participem, que por sua vez, por meio dos deslocamentos, do altruísmo dos jogadores de ataque e de defesa, noções de profundidade, lateralidade, noção de tempo e espaço para interceptação dos passes do time adversário, serão trabalhadas as habilidades inespecíficas, como a noção de trabalho em equipe, características fundamentais também para o bom desempenho no futebol.

Com isso, também evitamos a especialização dos movimentos em apenas um esporte, um processo que pode acontecer precocemente, devido a não prática de outros esportes por aquelas crianças que treinam em escolinhas de esportes, como de futebol. Esta exclusividade ao futebol muitas vezes se relaciona ao desconhecimento dos pais e do próprio técnico ou professor sobre o desenvolvimento motor, o que pode resultar na pobreza do acervo de conhecimento da criança. Por isso, a intenção desta proposta é cada vez mais diversificar as experiências para que o aluno possa buscar mais facilmente soluções para os desafios encontrados durante uma partida de futebol, como também despertar o sentimento de prazer relacionado aos esportes, fazendo com que mesmo que não jogue profissionalmente, continue praticando algum esporte ou realizando atividades físicas, pelo prazer da prática, da aprendizagem.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BAYER, CLAUDE. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivros, 1994.

FREIRE, JOÃO BATISTA. Pedagogia do futebol. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.

SCAGLIA, A. J. Escola de futebol: uma prática pedagógica. In: NISTA-PICCOLO, VILMA (Org.). Pedagogia dos esportes. 3 Ed. Campinas: Papirus, 2003.

Um comentário:

  1. Olá Márcio, como vai?
    Li seu comentário no meu blog, fiquei muito feliz por ter gostado; infelizmente está difícil publicar com mais frequência mas postei este artigo no meu blog, que achei muito interessante e que coincide com minhas ideias.
    Um abraço meu amigo e boa sorte

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